segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Mamma Mia: quando o pesadelo vira sonho!

Tiago e eu no Winter Garden Theater, em NY, para ver Mamma Mia
 
Dois motivos fizeram Mamma Mia ser o musical escolhido para receber a minha primeira crítica. Primeiro porque ele ficará em cartaz em São Paulo, no Teatro Abril, apenas até o dia 18 de dezembro. O segundo motivo, muito melhor, é porque o musical representa, pelo menos até o momento, o melhor exemplo de que as produções nacionais não ficam devendo nada (nada mesmo) para as produções internacionais. E digo mais, o melhor exemplo de que produtos da casa podem sim ser MELHORES do que aqueles do lugar de origem.
A primeira vez que assisti Mamma Mia foi justamente na Broadway, em Nova York, algo que pode parecer, a princípio, incrível. A peça sempre esteve na minha lista “preciso assistir”, por várias razões, como ser extremamente famoso e trazer sucessos do ABBA, que eu adoro. Além disso, Mamma Mia está em cartaz no segundo mais bem localizado teatro da Broadway (o primeiro é Minskoff, de O Rei Leão), na própria rua Broadway (algo raríssimo). Então, realmente não tinha como ficar de fora.
Ao entrar no teatro, o azul florescente do palco chama a atenção, mas em termos de cenografia, já aviso, o brilho (literalmente) acaba aí. Mas esse não é o problema maior. Quando Sophie, a filha da personagem principal, logo no início, canta Honey, Honey com duas amigas em um palco vazio e sem graça, e, poucos minutos depois, Donna (a principal) apresenta Money, Money, Money do mesmo jeito, foi possível saber o que estava por vir: uma tremenda “forçação de barra”, com músicas jogadas, em números extremamente simples e fracos, sem o brilho (eu avisei) que qualquer musical deveria ter. Parecia que eu estava sentado no auditório da faculdade assistindo uma peça universitária, com um bando de jovens pulando sem sincronia de um lado para o outro cantando uma música alegre e conhecida. Pobre, um espetáculo pobre.
Sem contar que muitos atores eram patéticos (lembrando que isso era na Broadway), como John Dossett, que fez Sam na época. Ao ouvir do cantor a música S.O.S., no segundo ato, o meu sentimento era de desespero. Duvidei que Dossett conseguisse chegar ao fim da canção. Lastimável. E toda a peça foi assim, ao ponto de me deixar de mau humor. No ranking da época, a peça ficou entre as três últimas.
Para minha surpresa, Mamma Mia viria ao Brasil. “Com tanta coisa boa, eles trazem essa porcaria”, foi o meu primeiro pensamento. Mais surpresa ainda foi quando vi que o casal principal seria feito por Saulo Vasconcelos e Kiara Sasso, simplesmente the best ones no País. Relutei (muito) para sair da minha casa, em Campinas, e ir até São Paulo enfrentar mais 2h30 de lenga lenga. Entretanto, pensei que Saulo e Kiara valiam “o esforço”.
O azul florescente era exatamente o mesmo ao entrar no Teatro Abril e, mais uma vez, pensei: “o quê estou fazendo aqui?”. O arrependimento começou a desaparecer quando Patrícia Amoroso, a Sophie nacional, subiu ao palco e interpretou I Have a Dream com uma voz doce, limpa e apaixonante. “Pelo menos a atriz é melhor”, continuei pensando. Para melhorar, ufa, Kiara aparece - aquela que se cantar Atirei o Pau no Gato receba aplausos entusiasmados. “Nossa, com a voz dela a peça parece até melhor”, a cabeça não parava de comparar.
Mas não era apenas a voz (linda) de Kiara que estava melhor. Tudo parecia diferente. Os números bregas em NY pareciam melhores em SP. Pois é, não era apenas uma impressão. O pé direito começou, involuntariamente, a bater ritmado no chão conforme entrava e saía uma música. A começar pela versão incrível de Claudio Botelho, que conseguiu a proeza de não deixar os hits do grupo sueco extremamente bregas. E olha que as letras tinham tudo para ficarem bregas. Mas o talento dele é assunto para outro tópico.
Percebi que o elenco brasileiro era o diferencial. Contagiante, empolgada e real, a equipe fez o enredo (que ainda é fraco), dessa vez, pelo menos, ter sentido, aproximando o público, que torcia pela órfã pobrezinha e se divertia com Andrezza Massei no papel de Rosie. Os efeitos e os ótimos dançarinos deram magia à peça fraca (de história e cenografia). Voulez-Vous, que encerra o primeiro ato, é de tirar o fôlego. Saulo Vasconcelos ainda apagou (como não podia ser diferente) o fantasma (olha o trocadilho infame) que S.O.S. havia deixado.
Quando Pati Amoroso canta novamente I Have a Dream, para encerrar, me deixando com “nó na garganta”, realmente percebi que meu sentimento era outro por Mamma Mia. Sentimento que me fez dizer “uau” ao subir as escadas para chegar à av. Brigadeiro.
Muitas pessoas menosprezam as produções nacionais, mas tenho certeza (espero) que isso acontece apenas por falta de conhecimento. Porém, vejo que o preconceito é muito maior com Mamma Mia porque a peça “estraga” clássicos com letras nacionais. Eu só digo uma coisa para as pessoas que pensam assim: como vocês são bobinhos.

4 comentários:

  1. Falei justamente de você sobre esse musical nesse final de semana com uma amiga! Adorei a crítica! Beijo

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  2. Fui ao teatro sem assistir o filme... gostei bastante ! valeu a pena !
    Embora, como vc disse, a peça não tem uma história tão empolgante (como a do Fantasma da Ópera, por exemplo), as vozes, as músicas, os atores contagiam e deixam o teatro alegre e a peça muito agradável. Sem contar que Kiara Sasso e Saulo Vasconcelos são sensacionais !!!
    Bjs
    Aline

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  3. Nossa Mi que legal...oq estava pensando? :)
    O Fantasma realmente é um máximo...tanto que já assisti 4 vezes :) hehehe

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  4. Gostei da comparação que fez. Ela, sim, deu peso à crítica. Bom saber que por aqui também temos coisas boas. E eu sei que são megaproduções, mas ainda acho que o preços dos ingressos de musicais deveriam ser mais baixos (assim como dos cinemas)... Beijo

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