quarta-feira, 24 de abril de 2013

Musical O Rei Leão Resume Toda a Magia da Broadway



Rafiki é um dos personagens centrais de O Rei Leão
A cena inicial Ciclo da Vida, do musical O Rei Leão, em cartaz desde o dia 28 de março, tem cerca de cinco minutos, mais saiba que ela, por si só, já vale o caro ingresso da peça. Além da forte letra de Elton John, que ganhou a versão nacional pelas mãos de Gilberto Gil – em um bom trabalho -, a produção, o figurino, o cenário, tudo é tão inacreditável que fica difícil conter a emoção desde o início. Ouço com frequência que ver atores fantasiados de animais correndo de um lado para o outro deve ser, além de bobo, uma adaptação falsa do premiado filme. Além de ser um enorme equívoco, a forma como os animais ganham vida no palco é o que torna O Rei Leão tão encantador. Tanto que o musical é o mais bem-sucedido da história da Broadway. A história é simples: o teimoso leão Simba perde o pai, que também é o rei do local, repentinamente e acaba se culpando por isso. Aconselhado por seu ambicioso tio Scar, ele foge, deixando o trono para ele. Anos depois, Simba decide voltar para tentar salvar o reino abandonado. O show ainda traz a canção ganhadora do Oscar, Can You Feel The Love Tonight, e números inusitados. Entre eles, o surpreendente encontro em um lago entre Simba e o pai morto. É de arrepiar.
Personagem Nala durante coletiva do musical O Rei Leão

Serviço:
O quê: O Rei Leão
Quando: Quartas, quintas e sextas às 21h, sábados às 16h30 e 21h, e domingos às 15h30 e 20h
Onde: Teatro Renault (Av. Brigadeiro Luís Antônio, 411, Bela Vista, São Paulo, fone: 4003-5588)
Quanto: De R$ 50,00 a R$ 280,00




quinta-feira, 18 de abril de 2013

Alô, Dolly! Consagra Marília Pêra; Falabella Cai na Mesmice


Miguel Falabella e Marília Pêra protagonizam o musical Alô, Dolly!, em cartaz no Teatro Bradesco, em São Paulo


Marília Pêra garante que ficou nervosa quando o companheiro de cena - e diretor - Miguel Falabella disse que Bibi Ferreira estava na plateia para assistí-la como Dolly Levi no musical Alô, Dolly!. Bibi já esteve na pele, em 1966, da viúva casamenteira que é contratada pelo avarento e mal-humorado comerciante Horácio Vandergelder (Falabella), para lhe arranjar uma mulher. Mas, nem por isso, ela precisa se preocupar com o que Bibi poderia achar. Marília Pêra é assustadoramente brilhante no palco, capaz de nos conduzir para um universo cênico paralelo ao que acontece ao ser redor.

Alessandra Verney é Irene Molloy em Alô, Dolly!
Ficamos com vontade de correr para pegar um de seus muitos cartões, cada um com uma atividade diferente. Como Dolly decide que ela mesma conquistará o bom partido para ficar rica, ela inicia uma série de armações que coloca todos em engraçadas situações. O problema é que só Marília, e seu tempo perfeito, salva na peça. Falabella quis aproximar o espetáculo da realidade brasileira e incorporou em seu personagem, por exemplo, um sotaque caipira e uma voz mais fina. 

Marília Pêra em cena de Alô, Dolly! Atriz é a alma do msucial
O problema é que ele não segura o papel e perde, e altera, o sotaque inúmeras vezes, além de cantar com seu característico tom grave. A talentosa Alessandra Verney vive Irene Molloy com delicadeza e protagonizar a única música interessante do musical, no final, ao lado de Frederico Reuter (Cornélio Hackl). Porém, tanto Reuter como os demais atores do núcleo são extremamente caricatos e caem na mesmice. Os figurinos são impecáveis, mas as coreografias são sujas e merecem uma melhor atenção. Só que Miguel Falabella subestima o público e, mais uma vez, entrega mais do mesmo.


Serviço
O quê: Alô, Dolly!
Quando: Até 2 de junho, q uintas às 21h, sextas às 21h30, sábados às 18h e 21h30, domingos às 18h
Onde: Teatro Bradesco (Rua Turiassu, 2.100, Bourbon Shopping, 3º piso, Pompéia, fone: 4003-1212)
Quanto: de R$ 20,00 a R$ 200,00 

O Mágico de Oz: Apesar da História Fraca, Elenco Salva Produção

Malu Rodrigues como Dorothy em cena do musical O Mágico de OZ
O enredo deste musical dispensa introduções, afinal, é difícil nunca ter ouvido falar sobre a famosa jornada de Dorothy pela estrada de tijolos amarelos e que ganhou fama com o célebre longa-metragem estrelado por Judy Garland, em 1939. E O Mágico de Oz nunca esteve fora do centro da indústria mundial de entretenimento. Confesso que não sou fã da história – nem do filme – mas adaptá-la para os palcos é ver, com o perdão do trocadilho, mágica acontecer diante dos seus olhos. A montagem brasileira, assinada por Charles Möeller e Claudio Botelho, é bem fiel ao filme, porém, com muito mais humor. Isso, graças ao texto rápido e ao excelente elenco, que consegue transformar a fraca trama em um delicioso show. Ponto para Heloísa Périssé como a Bruxa Má do Oeste. Além de parecer que ela está improvisando em cena, com o conhecido tom de deboche, sua energia domina a plateia cada vez que ela pisa no tablado. Lúcio Mauro Filho como o Leão Covarde, apesar de mais tímido, também segue a mesma linha e cativa o público. A protagonista Malu Rodrigues tem uma das vozes mais bonitas que já ouvi, então a cação Over The Rainbow torna-se um prazer. A única decepção é Luiz Carlos Miéle como o Mágico. Apesar de Möeller e Botelho verem nele a única opção para o papel, Miéle não tem o ritmo exigido do musical e não consegue acompanhar os colegas. Surpreendentemente, também não expressa o carisma típico do personagem. A produção também é grandiosa, com números bem elaborados e coloridos. A conhecida cena das papoulas, que encerra o primeiro ato, está entre as melhores.

Serviço
O quê: O Mágico de Oz
Quando: Até 26 de maio, s extas às 21h30, sábados às 16h e 20h, domingos às 15h e 19h
Onde: Teatro Alfa (R. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, São Paulo, fone: (11) 5693-4000
Quanto: de R$ 40,00 a R$ 180,00 


São Paulo: Terra dos Musicais!


Não existe mais aquela história de que São Paulo é a Broadway brasileira. Não que isso realmente não seja verdade, mas é que o título já está tão enraizado na cidade que as indagações, agora, são outras. O que queremos saber é: quais musicais estarão em cartaz este ano. E, como vem acontecendo há algum tempo, as novidades são muitas. De gigantescas produções, como O Rei Leão, com um orçamento de R$ 50 milhões, até peças mais intimistas, como Quase Normal, que conta com seis pessoas no palco – o que, obviamente, não tem relação alguma com qualidade -, o público não tem do que reclamar em 2013.

Como o segmento vem crescendo cada vez mais no País, tirar um final de semana para assistir a um musical precisa ser planejado com antecedência. Os ingressos esgotam-se rapidamente e, certamente, é sempre melhor apreciar o espetáculo de bons lugares. Muitas produções abriram as cortinas recentemente e outras estão por vir. Ou seja, chegou a hora de decidir qual peça ver – e ir em mais de uma é totalmente permitido, claro. Para ajudar, postarei algumas dicas para saber qual musical se enquadra mais ao seu gosto. Espero que gostem!

Cena do musical Quase Normal, em cartaz em São Paulo no Teatro FAAP, até 12 de maio

sexta-feira, 29 de março de 2013

Exibições de Filmes Musicais: Como Confundir o Telespectador


A essência e a força de um filme musical estão nas canções que permeiam, ou mesmo direcionam, o enredo da produção. Uma situação que não teria como ser diferente, já que a narrativa do longa apoia-se obrigatoriamente em uma determinada sequência de músicas, todas elas encaixadas diretamente na proposta da trama. E, só assim, fazem sentido. Tanto que muitas canções desse gênero de filmes viram clássicos, porque estão tão conectadas com a cena criada, que conseguem transpor exatamente a mensagem desejada. Alguns exemplos marcantes são Singin’ in The Rain (de Cantando na Chuva), The Sound of Music (de A Noviça Rebelde), Over The Rainbow (de O Mágico de Oz), Beauty And The Beast (de A Bela e a Fera), Cabaret (do musical homônimo) e por aí vai. 


Across the Universe apresenta uma envolvente história com músicas dos Beatles
Clássicos ou não, o gênero cresceu e são muitos os filmes musicais atualmente, que podem ser vistos a qualquer momento, principalmente para assinantes de TV paga. Mas é justamente aí que temos um, digamos, problema. Vamos lá. Na semana passada, o canal Sony, por exemplo, exibiu Across The Universe, filme americano de 2007, dirigido por Julie Taymor (de Frida e também do musical O Rei Leão, em cartaz em São Paulo — leia mais nesta página), que retrata os anos 60 por meio da obra dos Beatles. Ou seja, as canções e suas poderosas letras são primordiais para entender e se encantar com o longa. Mas foi então que o filme teve exibição com os diálogos dublados (nenhum problema nisso, já que existe um público grande que prefere assistir a produções dubladas), mas as músicas foram mantidas com áudio original, no caso o inglês, e sem legendas.

Indiscutivelmente, diante disso, fazemos a pergunta: qual o sentido em exibir um musical parcialmente dublado com músicas em inglês sem legenda? Qual é o público que o canal pretende atingir, já que um “fluente” na língua inglesa provavelmente prefere ver os diálogos também na língua original, e os assinantes que gostam de longas dublados muito provavelmente terão dificuldades em entender o outro idioma? Será que o pensamento é que as músicas dos Beatles são tão conhecidas que elas não precisam de transcrição? Certamente, a resposta é não.


Uma Thurman estrela musical Os Produtores
De qualquer forma, essas perguntas foram feitas ao canal, que respondeu o seguinte: “Acreditamos que essa situação tenha sido extremamente pontual, uma vez que não é o produto principal do canal — que é focado em séries e competições de talento — a exibição de filmes, especialmente musicais”, declarou a assessoria de imprensa, completando que, “infelizmente, nossos porta-vozes não acreditam que o canal possa ajudá-lo consubstancialmente nessa pauta”. 

O fato é que a exibição “confusa” de Across The Universe não chamou a atenção por ser algo pontual, como informou a assessoria, mas sim por resgatar na memória que essa não é a primeira vez que um musical é exibido assim na TV por assinatura. Aliás, outros filmes e outros canais fazem a mesma coisa, tornando as perguntas citadas ainda mais instigantes.

Os Produtores
A Fox mantém regularmente na grade o filme Os Produtores, adaptação de 2005 do musical de 2001 da Broadway, estrelado por Nathan Lane, Matthew Broderick e Uma Thurman, e dirigido por Susan Stroman. Pelo menos duas vezes, rodando pelos canais, vi esse filme sendo exibido exatamente como a Sony apresentou o longa com músicas dos Beatles: diálogos dublados, músicas em inglês e sem legenda. Talvez a Fox tivesse, então, a resposta para essa situação. “Conversei com algumas pessoas daqui e, como Fox Channels, não temos como responder sobre o assunto”, esclareceu um assessor de imprensa da rede. 


Cena de High School Musical: longa com legenda em inglês
Mas o resgate na memória foi longe, e lembrei também que o Disney Channel, por diversas vezes, trouxe em sua grade o musical de sucesso entre os jovens High School Musical, também com dublagens em algumas partes, músicas com áudio original, nada de legendas — ou, quando tem, a legenda está em inglês. Oi? A ideia, quem sabe, é oferecer uma aula grátis de idiomas na TV? No caso de High School Musical, podemos pensar que o intuito é permitir que os fãs aprendam a cantar as músicas. Mas é só uma especulação, já que a assessoria do canal não respondeu os questionamentos. 

Bom, a Fox vai exibir novamente Os Produtores semana que vem, no dia 4, às 2h10. Vamos esperar para ver como será que o filme vai chegar até o público. Mas que é curioso, isso é.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Crítica - Oz: Mágico e Poderoso Mostra Como Tudo Começou


Filme inspirado em O Mágico de Oz chega nesta sexta (08) aos cinemas: longa investiga a origem no personagem-título


James Franco interpreta Oscar Diggs em Oz
A missão do cineasta Sam Raimi em Oz: Mágico e Poderoso (Oz The Great And Powerful, EUA, 2013) é investigar como o personagem-título do filme de Victor Fleming, de 1939, foi parar na encantadora Terra de Oz. E, mais do que isso, como ele se transformou no grande e respeitável Mágico, reinando absoluto na Cidade das Esmeraldas, já que magia passa longe de suas habilidades.


Na nova aventura da Disney, que estreia hoje nos cinemas, vamos conhecer Oscar Diggs (James Franco) — apelidado de Oz — um ilusionista trambiqueiro que abusa do seu poder de persuasão para conseguir uns trocados em um decadente circo instalado no Kansas.

Apesar de Dorothy não aparecer ou ser citada em momento algum no longa, os fãs da película estrelada por Judy Garland perceberão, desde o início, as inúmeras referências ao clássico. Elas são tantas, e nada discretas, que Raimi parece subestimar o público, como se o espectador não fosse capaz de acompanhar algo original. Ou seja, falta imaginação. 


A começar pela forma como Oscar vai parar em Oz (ele também é levado por um tornado) e a reprodução de um Kansas velho e sem cor — ao invés do sépia da produção de 1939, aqui a opção foi em preto e branco —, com o intuito de chocar com o colorido reino além do arco-íris.

Só tem um detalhe: Oz está extremamente moderna e surreal se comparada com a mesma terra encontrada por Dorothy anos depois. Sabemos que os tempos são completamente outros, só que os muitos efeitos especiais e o uso da tecnologia 3D transformaram o filme em um belíssimo espetáculo visual, com imagens realmente impressionantes, mas deixaram o reino tão absurdo e improvável, que fica difícil se conectar com tudo aquilo.

James Franco também tem responsabilidade nisso. Falta carisma, charme e até humor para segurar as mais de duas horas de produção, restando uma interpretação extremamente artificial. E isso parece ter contaminado todo o elenco, estelar, aliás. As três bruxas no caminho de Oscar são Theodora (Mila Kunis, que se sobressai, um pouco, entre as colegas), Evanora (Rachel Weisz) e Glinda (Michelle Williams), essa, a mais fraca de todas. Ela pegou o título de bruxa boa e acabou entregando, infelizmente, uma bruxa insossa. E são três porque, na trama de Victor Fleming, além da boa e da má, temos a que a Dorothy mata ao cair em cima com sua casa.

Quando Oscar é desmascarado por seus truques e foge do Kansas, ele é recepcionado por Theodora, que explica essa chegada inesperada como parte de uma antiga profecia que livrará o reino da bruxa má — ele precisa matá-la, achando que Glinda é a responsável por tudo. Para isso, o Mágico embarca pela estrada de tijolos amarelos para encontrá-la — como eu disse, são muitas as referências. Quer mais? No caminho, ele se depara com alguns seres locais precisando de ajuda e, após salvá-los, eles se tornam grandes amigos e passam a segui-lo nessa missão. No lugar do Leão Covarde, temos o Macaco Finley, e substituindo o Homem de Lata, conhecemos a simpática Menina de Porcelana. O espantalho vem depois, com uma função um pouco diferente.

Glinda revela-se como boazinha e guia Oscar na luta contra as verdadeiras vilãs. Até o campo de papoulas usado contra Dorothy pela bruxa má está aqui, dessa vez, aproveitado pelos mocinhos. Para justificar o sucesso de Oz, a saída foi sua criatividade com máquinas, conseguindo travar uma grande batalha na Cidade das Esmeraldas (mais uma vez, com ótimos efeitos, mas muitos erros de sequência, como uma população implorando pela vida de Glinda, sendo que ela durante anos foi considerada a vilã).

Mostrar a origem dos personagens de O Mágico de Oz não é uma novidade. O bem-sucedido musical Wicked explora bem as muitas lacunas deixadas pelo filme de Fleming, ao ponto de deslocar o caráter dos personagens e “revelar” que nada é o que parece. Seria melhor filmar essa versão do que tentar criar um filme óbvio que apoia-se apenas em recursos tecnológicos.


As irmãs Evanora (Rachel Weisz) e Theodora (Mila Kunis) são as bruxas más da trama de Oz: Mágico e Poderoso

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O Mágico de Oz: Uma Magia Poderosa e Duradoura


Fábio Trindade
Fotos: Alessandro Rosman
DA AGÊNCIA ANHANGUERA

Os últimos testes de luz e alguns acertos ainda eram feitos no palco, que estava com a cortina fechada, até que, de repente, como se estivesse passeando num parque, uma bruxa verde, queixuda, nariguda, com os cabelos vermelhos e um vestido espalhafatoso sai da coxia e percorre toda a extensão do tablado. Ela para, ajeita o figurino e, discretamente, dá um sorrisinhos e fica olhando para a plateia, esperando a sua deixa. Era impossível reconhecer quem estava por trás de toda aquela indumentária. O diretor e tradutor Cláudio Botelho sai da plateia e fala com ela, que vai embora da mesma forma como entrou: tímida.

A mesma nariguda verde que volta ao palco na hora do "valendo" nem de longe lembra a distraída de minutos atrás. E nem poderia ser diferente, afinal, a tal bruxa não é qualquer uma por ai de um reino esquecido. Trata-se da maligna Bruxa Má do Oeste, o pior pesadelo da frágil Dorothy e de toda Oz. Assim como não dá para ficar indiferente a quem dá vida a ela. Tanto que basta Heloísa Périssé começar a disparar broncas e reclamações aos seus súditos no castelo sombrio montado no Teatro Alfa, em São Paulo, para o clima na sala mudar durante a apresentação para imprensa do musical O Mágico de Oz, que entrou em cartaz este final de semana na cidade.

Com um humor escrachado e ao mesmo tempo leve, Heloísa embarca na grandiosa produção do clássico filme de 1939 substituindo Maria Clara Gueiros após uma temporada de sucesso no Rio de Janeiro. "Eu a vi no Rio, eu vi os vídeos para conhecer a bruxa dela, para depois criar a minha. Eu acho que a bruxa dela é mais decidida, irônica. A minha é mais deprimida, passa por alguns conflitos internos. É uma bruxa bipolar", brinca a atriz, que faz tudo parecer improviso, mesmo sabendo que em musicais como esse cada fala e marcação são milimetricamente ensaiadas.

L. Frank Baum publicou O Mágico de Oz em 1900 e trouxe ao mundo a órfã Dorothy, que vive no tranquilo estado do Kansas com os tios Emily e Henry, até que um ciclone arrasta sua casa e ela vai parar, junto com o cãozinho Totó, na Terra de Oz. A casa cai no reino dos Munchkins, bem em cima de Bruxa Má do Leste, matando-a. A jovem herda os sapatos brilhantes da malvada e é aconselhada a seguir pela estrada de tijolos amarelos até a Cidade das Esmeraldas, onde poderá pedir ajuda ao Mágico para voltar para casa. O enrendo ganhou fama com o célebre longa-metragem estrelado por Judy Garland e, de lá pra cá, nunca esteve fora do centro da indústria mundial de entretenimento. Tanto que novas edições da obra, exposições e até um filme – Oz: Mágico e Poderoso, superprodução da Disney dirigida por Sam Raimi e estrelada por James Franco – resgatam a trama de L. Frank Baum (confira mais no quadro).

A montagem brasileira, assinada por Charles Möeller e Claudio Botelho – responsáveis por musicais como Hair, A Noviça Rebelde, Gypsy e Um Violinista no Telhado - é baseada na única adaptação autorizada para o teatro, feita pela Royal Shakespeare Company, seguindo praticamente todo o roteiro do filme, trazendo, inclusive, números cortados da versão cinematográfica.

A talentosa Malu Rodrigues, de apenas 19 anos, mas com seis produções no currículo, lidera um elenco de 35 atores e 16 músicos ao encarnar o emblemático papel de Garland. Pressão? "Durante o período dos ensaios, audição e tudo mais, eu nunca parei para pensar nisso ou no que as pessoas iam achar. Hoje, eu também penso assim, porque a gente não tem como agradar todo mundo. Tem gente que vai gostar, outras não, mas a pessoa que eu mais torço que esteja orgulhosa é a Judy Garland, lá em cima. É um personagem emblemático sim, mas não só por ter sido feito por ela, mas por ser incrível, bem construído. Foi um presente que o Cláudio e o Charles me deram depois de tantos trabalhos juntos."

Elenco

Para os idealizados, Luiz Carlos Miéle sempre foi o nome para dar vida ao Mágico. Tanto que, para isso, Botelho pediu autorização para escrever uma canção exlusiva para o personagem e, assim Miéle aceitar o papel. "Sempre quis fazer um musical e quando me convidaram para esse foi uma alegria e uma decepção", revelou o ator. Quando disseram que era para ser o Mágico, ele percebeu que não iria cantar ou dançar. "Fiquei tristíssimo. Falei que era melhor deixar, que eu ia esperar um outro, se é que um dia fosse aparecer outro." Dois dias depois, ligaram para Miéle para contar que Botelho tinha conseguido uma licença especial para escrever uma canção especial para ele, algo que não existe em nenhuma outra montagem. "Devia ter exigido isso também", brincou Heloísa, já que ela se disse também frustrada por não cantar. "Estou em um musical em que eu só falo o texto. Mas não tem problema, outras coisas virão."

Lucio Mauro Filho, que faz sua estreia no gênero, vive o Leão Covarde. Com trejeitos homossexuais e piadas nada infantis, a proposta chegou a assustá-lo no início. "Quando li o texto pela primeira vez e vi a piada da lata (no belo número As Papoulas, o Leão tira do bolso o objeto e diz que o efeito das flores é tão forte que sentou em cima da lata e nem sentiu), fui no Cláudio e perguntei se era isso mesmo. E ele me respondeu: Está no original (risos). Para a minha surpresa, era mesmo do original e percebi, de fato, que era uma história contada para todas as idades, com piadas de diferentes tons. Claro que ficamos com a preocupação de se vai incomodar, ofender, mas, durante toda a temporada no Rio, ficou claro que a maldade está apenas na cabeça do adulto."

O versátil André Torquato, revelado em Gypsy e estrela de Priscilla - Rainha do Deserto, e Nicola Lama, que ganhou destaque pelo ótimo desempenho em Um Violinista no Telhado, completam o trio o de amigos que ajuda Dorothy a seguir pela estrada dos tijolos amarelos como, respectivamente, Espantalho e o Homem de Lata.

Serviço

O quê: Musical O Mágico de Oz
Quando: Até 26/05, sextas às 21h30, sábados às 16h e 20h, domingos às 15h e 19h
Onde: Teatro Alfa (R. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, São Paulo, fone: (11) 5693-4000
Quanto: de R$ 40,00 a R$ 180,00
Classificação: Livre
Duração: 150 minutos (com intervalo de 15 minutos) 




sábado, 2 de fevereiro de 2013

Crítica: Os Miseráveis (Les Misérables) peca em versão cinematográfica com Hathaway e Jackman

Anne Hathaway na cena do musical Les Misérables (Os Miseráveis) em que canta a famosa música I Dreamed a Dream

Fábio Trindade

Com a voz embargada, um sofrimento pulsante, um cenário caótico, sem contar o texto impecável, Anne Hathaway conquistou o meio cinematográfico ao dar vida a Fantine e interpretar a famosa canção I Dreamed a Dream na versão para as telonas do clássico musical Les Misérables, em cartaz há 28 anos em Londres. Tom Hooper (O Discurso do Rei) quis, indiscutivelmente, que seus atores cantassem ao vivo em todas as cenas, sem qualquer tipo de playback, contando apenas com um piano para acompanhar as tomadas. Algo jamais feito no cinema. Essa foi, sem dúvida, a melhor decisão que ele poderia ter tomado para transportar dos palcos para o cinema algo tão marcante e intenso. Por isso, falar em Os Miseráveis, em cartaz desde ontem, é falar no plano-sequência de quase três minutos, todo em close-up, protagonizado por Anne. Pouco importa se ela sabe cantar ou se a afinação é duvidosa. A carga dramática é simplesmente real, como se ela estivesse bem ali, na sua frente, e pudéssemos sentir a dor que aquela mulher está passando. Tanto que o Oscar de melhor atriz coadjuvante é praticamente certo para ela.

Hugh Jackman interpreta Jean Valjean: papel da vida
Mas Os Miseráveis, por mais que só se citem I Dreamed a Dream, está muito além da Fantine de Anne. Aliás, Hugh Jackman, no papel de Jean Valjean, faz praticamente durante todo o filme o que a colega fez, com a mesma intensidade — e com uma voz mais bonita. Ele está certo ao dizer aos quatro ventos que esse é o papel da sua vida. Na história, tendo como cenário a França do século 19, ele vive um ex-prisioneiro que passou 19 anos na cadeia por ter roubado um pedaço de pão e, mesmo assim, continua sendo perseguido pelo implacável policial Javert (o péssimo Russell Crowe, mas falaremos dele adiante). Jackman encarna o personagem com garra, apesar de algumas vezes soar muito jovem para o fardo que o prisioneiro pede.

Samantha Barks é a grande revelação em Les Misérables
E, no meio de tudo isso, surge Samantha Barks como Éponine, uma estreante em cinema, mas PhD em Les Misérables. A atriz/cantora britânica estrelou a produção musical em Londres por quase dois anos e foi selecionada para interpretar o papel no concerto pelo 25<SC210,186> aniversário. Provavelmente por isso, além de ter uma voz que destoa dos demais colegas, é a única no enorme elenco a passar a interpretação e a qualidade vocal existentes no palco e que o personagem exige. Apesar de Anne e Jackman serem ótimos e segurarem as cenas, a estrutura do roteiro torna superficial o percurso individual não só deles, mas de todas as figuras existentes na trama.

Anne Hathaway e Hugh Jackman foram indicados ao Oscar
Tanto que o filme cai vertiginosamente ao entrar no conflito político da época, quando jovens buscam apoio para uma revolução. O contexto mal explicado deixa tudo muito vazio, não conseguindo estabelecer um elo com o espectador. O fato épico se torna banal e desnecessário, parecendo apenas birra de criança.
O ritmo totalmente atropelado contribui para isso. Não há espaço para o silêncio, para um respiro que seja para reflexão, tão necessário para um texto denso e 99% cantado. Ou seja, a história não se sustenta e os números que no musical exalam o que há de melhor na trama de Victor Hugo passam aos supetões.

Helena Bonham Carter: atuação caricata perde sentido
O relacionamento entre Cosette (a apagada Amanda Seyfried) e Marius (vivido pelo talentoso Eddie Redmayne) é o melhor exemplo. Não há como torcer pelos dois, já que a construção do romance é pincelada ao ponto de deixar mais fictício que um conto de fada. E o que acontece com Sacha Baron Cohen e Helena Bonham Carter (como Monsieur e Madame Thénardier) é ainda pior. Eles transformaram o único ponto de escape na sofredora história em algo tão caricato que, ao invés de pilantras aproveitadores divertidos, eles nada mais são que dois palhações de quinta.

Russell Crowe desliza no papel do policial Javert 
E aí temos Russell Crowe. A sensação que se tem durante todo o filme é que ele está constrangido por cantar, como se fosse ele o preso, obrigado a fazer tudo aquilo. Além de parecer que tem um ovo na boca, ele não expressa qualquer tipo de reação, como o ódio existente por Jean Valjean, tão imprescindível para permear a trama.

Como se não bastasse, tudo é muito previsível. Sabe o close-up dito no início do texto? Se prepare, porque eles virão aos montes. Tom Hooper pode ter inovado na forma de cantar, mas na hora de filmar pesou a mão. Depois de Anne brilhar na cena, os números posteriores, e são muitos, seguem exatamente o mesmo estilo superfechado no rosto do ator. Ele não explora cenários, planos ou qualquer coisa que torne a cena única. É igual do começo ao fim. O resultado é simples: quem não assistiu ao musical em “carne e osso” pode até gostar e mesmo ir às lágrimas. Os demais perceberão que a adaptação de um dos melhores musicais de todos os tempos é fraca e, pior, frustrante.



terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Garoto de Paulínia será protagonista do musical O Rei Leão


O elenco definitivo do musical O Rei Leão, que estreia em São Paulo, no dia 28 de março, foi anunciado na manhã de ontem pela produtora Time For Fun, confirmando que a peça terá talento da região abrilhantando o palco do Teatro Renault. O aluno do Projeto Paulínia Ao Vivo, do Espaço Popular das Artes, Gustavo Fernandes Bonfim, de 11 anos, não só fará a versão nacional do maior fenômeno da Broadway como será o protagonista. Ele alternará o papel do jovem Simba com mais dois garotos, após seis meses de testes com 500 crianças pré-selecionadas de todo o País, avaliadas pela equipe da Disney International.

Com a possibilidade real de conseguir o papel, Gustavo teve uma preparação intensa. Ao ser pré-selecionado, o jovem passou por um workshop especial com as professoras e coreógrafas do projeto para estar mais preparado para o teste final. “Estamos muito contentes pelo fantástico resultado atingido pelo Gustavo e esperamos preparar cada vez mais talentos para o mercado”, contou, na época, Roselita Beraldo, diretora do Departamento de Dança. A mãe de Gustavo, Valdete Bonfim, também está pronta para acompanhar o filho nessa nova jornada. “Vamos nos dedicar totalmente. Recebi a notícia com o coração cheio de alegria, emoção e reconhecimento.”

Na peça, o jovem Simba precisa enfrentar a perda do pai, além de crescer achando que foi culpado pelo ocorrido. Tiago Barbosa será o Simba adulto, mas ele entra em cena apenas no final do primeiro ato. Ou seja, Gustavo será a estrela do musical na maior parte do tempo. O elenco conta ainda com Osvaldo Mil no papel de Scar, César Mello como Mufasa, Rodrigo Candelot como Zazu, Marcelo Klabin será Pumba, Ronaldo Reis o Timão, Josi Lopes interpretará Nala, Jorge Neto é Banzai, Juliana Peppi viverá Shenzi e Felippe Morais fecha como Ed. Mas o destaque fica mesmo com a atriz Phindile Mkhize. Ela, que faz parte do elenco da Broadway, também será Rafiki na versão nacional.